quinta-feira, 24 de setembro de 2015

DISSE TUDO

"Às vezes, deito na cama e sinto um tic-tac de relógio dentro do peito. Como se, só por acaso, eu fosse uma bomba prestes a explodir. Como se a ansiedade que se instalou nos dias me obrigasse, quase que vinte e quatro horas, a seguir em frente. A enfrentar tudo. Pular todos os obstáculos. Desviar de outros. Matar leões. Vomitar sapos. E a calma? E a leveza? Para onde foi todo aquele sentimento de paz interior? O mundo, as pessoas, as obrigações só nos apontam o dedo. É preciso comer direito. Fazer exercício. Ser educado. Ir em busca dos teus sonhos. Ser pontual. Ser. Ser. Fazer. Fazer. Às vezes, parece que a mente é a prisão do corpo, quando, na verdade, ela deveria fazer voar. Ser pluma. Ser travesseiro. Ser explosão de felicidade. De bem estar. Estar bem. Diante do caos que viraram as semanas, estou rasgando agora todos os contratos que assinei involuntariamente. As notificações do celular, a cordialidade com quem me ignora, o sorriso forçado... Estou jogando para fora do meu balão emocional, toda a carga densa. Negativa. As pessoas que não me acrescentam nada e, pelo contrário, sugam. Roubam a minha energia. Estou fazendo uma faxina mental pesada. Daquelas que a gente tira os móveis do lugar, joga fora papéis e memórias velhas, e depois segue. Voando. Mais leve. Mais calmo. Sem a pressa que nos ensinaram a ter. Engraçado, dizem tanto que para ter sucesso é preciso acordar cedo e arregaçar as mangas, que quase acreditei. Tolo. Quem te garante que para a minha estrela brilhar, eu preciso seguir tuas fórmulas prontas? Dou de ombros."       (Matheus Rocha)

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